sábado, 6 de novembro de 2010

Bike elétrica é bike? (2)

No post anterior, falei sobre os aspectos técnicos que diferenciam uma bike elétrica de uma bike comum. Em parte, eles são responsáveis pela resistência que existe entre os cicloativistas com as e-bikes.  Mas existe um outro fator que remete à polêmica colocada no título deste post: preconceito.

Quem adota a magrela como meio de transporte costuma se orgulhar disso. Afinal, a escolha representa uma opção mais saudável de vida em todos os aspectos. Bike não polui, aprimora o condicionamento físico, ocupa menos espaço nas ruas e funciona como uma espeécie de "cola"social, na medida em que os ciclistas passam a fazer parte de um grupo seleto de convertidos a uma causa comum.

Nada de errado com isso. Nada mesmo. Eu também, quando vendi meu carro e passei a usar o transporte público, comecei a sentir orgulho de mim mesmo, alardeando minha escolha em todas as rodas de amigos. Quanto mais as pessoas me olhavam com cara estranha, mais eu estufava me peito e alimentava a certeza de que ia pelo caminho certo.

Quando comentei com meus amigos ciclistas que queria comprar uma bike elétrica, o que eu mais ouvi foi: "isso não é bicicleta! É uma moto disfarçada e ruim!!!". A argumentação seguia com exemplos da capacidade adquirida de pedalar dezenas de quilômetros por dia sem se cansar e os benefícios já listados acima que isso traz.

Benefícios incontestáveis, admito, mas o que me incomoda é a mensagem subliminar (forma mais comum de manifestação de preconceito) de que se você comprar uma bike elétrica você está tentando entrar para o clube de uma maneira "corrompida". Algo do tipo: "você não é ciclista de verdade, afinal de contas o motor está te ajudando!!!". Você não pode bater no peito e dizer "eu pedalo 35 quilômetros todos os dias!!!"

Ora, eu posso bater no peito e dizer: "um carro a menos" e isso me parece ser mais importante do que me gabar da minha capacidade aeróbica.

Como já disse no Post Inaugural desse blog, minha escolha pela e-bike está relacionada ao fato de mudar de meio de transporte, sem ter de mudar radicalmente a minha vida (com banhos na pia do trabalho, ou transporte de mudas de roupas para todos os lados).

As e-bikes estão tomando conta das ruas em países da Europa e da Ásia, onde a cultura da bicicleta já era muito mais difundida do que no Brasil. Infelizmente, não pude viajar para ver esses exemplos um pouco mais de perto, mas duvido que um cicista de bike elétrica na China, por exemplo, seja visto como outra coisa que não um ciclista. Até porque aposto que a maioria das pessoas que compram bikes elétricas já tinham bikes convencionais antes.

A tecnologia está aí para nos ajudar minha gente. Vamos aproveitá-la!

Um comentário:

  1. Excelente post, Ricardo!

    Eu tenho uma Tito Urban Premiun e uma Zeta Bike elétrica.
    Uso as duas e digo: Faço esforço com as duas de forma igual praticamente. A diferença é que a zeta é mais pesada sem ligar o pedal assistido, e me ajuda muito!
    Tenho ando com ela pelo Recife e tem sim preconceito.
    Direito paro e o povo diz que é bicicleta de baiano ou que não é bike, ou: ASSIM E FÁCIL!

    No fim das contas parece aquela coisa de religião, cada um defende o que acha certo e sequer vai lá ver a lógica do outro.

    É mais divertido, rápido, gostoso e prático andar com a Elétrica.
    Adoro passear com ela e canso sim, pedalo paca, mas dou umas descansadas com o pedal assistido, quefica muito parecido com uma marcha levinha.
    E quer saber, dane-se o que esses mentes travadas pensam!
    Sabe, as pessoas querem mudar o conceito dos outros e acham que encontraram a salvação sem nem uma vírgula!

    A gente tem que evoluir sempre, e as bikes elétricas são uma evolução sim!
    E tenho ido inclusive pro trabalho com ela, e passo no transito só vejo as cabeças virando para minha ZetaBike e falando: OLHA QUE LEGAL!
    rsrs.

    Abraçõs e entra em contato aí:

    Saulocal@gmail.com

    FUII!

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