Basta navegar um pouco nos sites de cilcoativismo para perceber que muito dos bikers de São Paulo tem sérias dúvidas quanto a eficiência das bicicletas elétricas.
O argumento principal é que as e-bikes não são bicicletas de verdade.
Em parte, a crítica procede porque as primeiras bikes elétricas que surgiram foram muito desvirtuadas.
A impressão que dá é que os engenheiros que desenvolveram os primeiros protótipos pensaram assim: "já que a gente vai colocar um motor e uma bateria, porque não aproveitar para acoplar um farol? Que tal um pisca-pisca? Retrovisores seriam legais!".
Todas as idéias parecem ótimas, mas trazem um problema crucial para uma bicicleta: peso!
Algumas bikes elétricas foram tão desvirtuadas que parecem apenas uma versão um pouco mais ecológica da velha e boa Mobilete.
Tive a oportunidade de testar uma dessas. Ela tinha uma carenagem sofisticada de plástico que até lembrava a motoneta da Caloi, mas pesava inacreditáveis 50 quilos! Era tão pesada que o motor não aguentava subir uma ladeirinha de nada, obrigando o ciclista a pedalar intensamente, correndo risco de parar no meio do caminho com língua de fora.
Mas acontece que muitos engenheiros também perceberam isso e trataram de queimar neurônios para tentar encontrar um ponto de equilíbrio entre as duas coisas.
É uma equação complicada. Sobre ela todas as empresas se debruçam quando estão projetando suas e-bikes.
Ela deve levar em conta, principalmente, o peso do motor e da bateria. Mas para a equação ficar completa também há de se considerar a autonomia obtida com o conjunto e, para isso, entram em cena fatores como a potência do motor e o material da bateria (eles acabam por determinar o peso, a capacidade de carga e o preço).
Pretendo tratar cada um desses temas separadamente, em posts futuros.
O que interessa aqui é que, por enquanto, nenhuma bike elétrica conseguiu chegar a uma fórmula que mantenha o peso próximo dos 15 quilos, a média da maioria das bicicletas convencionais do mercado.
Talvez isso pudesse ser obtido com quadros de fibra de carbono, mas aí entraria outro fator que também é crucial, o preço. Uma bike como essa ficaria muito cara.
A Bike que eu comprei pesa 25 quilos. Não é pouco, mas é viável pedalar com o motor desligado se for preciso. A velha e boa Barra Forte pesa 21 e os caiçaras andam para tudo quanto é lado com ela na praia (tá certo que são ajudados pela topografia do litoral, quase toda plana).
Mas a questão crucial é que as e-bikes NÃO são bicicletas comuns e, portanto, não devem ser tratadas como tal.
Se a proposta é colocar um motor na bike, então, vamos rodar com o motor!
Ele sozinho não dá conta de todas as situações que um ciclista encontra pelo caminho e será preciso pedalar para superar os obstáculos. Mas com a ajuda do motor não se faz o mesmo esforço, ou seja, a bike fica mais "leve".
Voltemos à nossa equação: uma e-bike será melhor quanto mais o motor conseguir compensar o esforço do ciclista.
Motores muito fracos obrigariam o ciclista a fazer muito esforço. Motores potentes demais são muito pesados e exigem mais da bateria (nesse caso, ou se perde autonomia, ou será preciso adicionar mais baterias ao conjunto, o que aumenta demais o peso).
Dá para ver como a equação é complicada?
Ela ainda está longe de ser solucionada. Mas me parece apenas uma questão de tempo para que a tecnologia avance para resolvê-la.
O desenvolvimento de baterias mais eficientes e mais leves, por exemplo, é um campo vasto de pesquisa cada vez mais crucial para a construção de um mundo sustentável.
É inclusive algo que mobiliza a indústria automobilística, no projeto dos carros elétricos. Isso significa que terá grana de sobra para avançar nessa área.
Pelo menos nesse caso, o carro pode contribuir com as bicicletas.
Depois, a gente trabalha para convencer o povo de que não basta deixar de poluir para o carro se tornar viável nas grandes cidades. Dez milhões de carros elétricos podem deixar o ar respirável, mas continuarão a causar os mesmos congestionamentos de sempre.
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