segunda-feira, 27 de junho de 2011

"Primeiro mundo" não exporta só bons exemplos de uso de e-bikes

O Jornal Nacional resolveu falar de bicicleta elétrica.

Mas como o baixo uso das e-bikes no Brasil não justificaria um minutinho no horário mais nobre do telejornalismo brasileiro, quem fez a matéria foi o escritório de Nova Iorque.

Tentei linkar o vídeo, mas o site da Globo não permite.

Quem quiser assistir à reportagem clique aqui.

Rodrigo Bocardi conta que as e-bikes são proibidas em todo Estado. Mesmo assim, encontra-se facilmente lojas comercializando as magrelas.

Cerca de 4 mil delas circulam pela cidade, principalmente para os restaurantes realizarem entregas de almoço e jantar com a rapidez necessária para que a comida não esfrie.

Parece óbvio utilizar um meio de transporte que é rápido, ágil e fácil de dirigir. 

A desculpa para a proibição é que os ciclistas não respeitam as leis de trânsito.

Um vereador quer aumentar a multa para quem circular de e-bike.

Esse é um exemplo de que os políticos americanos não são menos obtusos que os nossos.

Ou são só os ciclistas de e-bikes que não respeitam as leis de trânsito?

Proibir bike elétrica com esse argumento, seria o mesmo que banir os carros se, por algum motivo, os acidentes automotivos subissem na cidade.

Mas ninguém pensa assim em relação aos carros.

Qualquer pessoa munida de dois neurônios pensaria em milhares de alternativas, como educação no trânsito para disciplinar o uso do veículo.

Por que será que esse tipo de raciocínio só acontece com bicicleta hein???

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Traí o movimento

Tenho uma confissão a fazer: voltei a andar de carro.

Antes que seja acusado de abandonar a causa pouco tempo depois de adotá-la, quero apresentar minhas justificativas.

Tenho dois filhos.

Há dois meses, quem os levava e trazia da escola era minha mulher, que trabalhava em casa.

Mas ela arranjou um emprego formal e precisou voltar para a redação, o que me obriga a buscar as crianças todo os dias no colégio.

Não dá para fazer isso sem carro.

Juro que tentei.

Não de bike, mas de transporte público.

Ônibus às seis da tarde é inviável com duas crianças pequenas. Taxi estava saindo uma fortuna.

O pior é que tudo isso coincidiu com a demissão da nossa "secretária do lar" e  um problema na bateria da minha bike, que passou a render bem menos.

Compramos um carro novo.

E carro, quando você tem, você usa.

Isso acontece em um momento em que a São Paulo discute se a bike é viável na cidade.

Depois conta da morte do Bertolucci, o assunto pegou fogo.

Até fiz umas matérias sobre o assunto, mas, como não gosto de misturar o meu ganha pão formal com esse blog, não vou entrar em detalhes.

Minha opinião sobre o assunto é expressa no conjunto da obra (se é que assim esses míseros escritos assim podem ser chamados).

Mas não deixo de lamentar essa mudança no meu estilo de vida.

Me restaram os rolês de fim de semana e o desgosto de contemplar minha pança no espelho toda manhã antes de colaborar com o "Apocalipse Motorizado".

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Carro elétrico é legal???

A Nissan já está vendendo o Leaf, o primeiro carro elétrico a ser produzido em escala comercial.

Ele era o veículo oficial do C-40, o encontro que reuniu os prefeitos das 40 maiores cidades do mundo, e discutiu como atuar para combater o aquecimento global.

As autoridades passaram 3 dias se locomovendo com o Leaf.

Vi um sendo guinchado. Provavelmente porque acabou a bateria e não tinha onde abastecer.

O passeio num guincho a diesel deve ter emitido, em um simples deslocamento, todo o gás carbônico poupado durante o evento.

Pelo menos a propaganda na TV americana é MUITO BOA!!!

Vale a pena assistir ao vídeo, que apela para a consciência do consumidor para vender um automóvel que emite zero carbono.



O consumidor pode comprar um carro novo e ficar com sua consciência tranquila!!!

Mas será que isso é realmente verdade?

Em primeiro lugar, há que se considerar as usinas termoelétricas, que terão de ser usadas em muitos países para alimentar as baterias.

Como não existe matriz energética 100% limpa, substituir carros a combustão por carros elétricos, no máximo reduziria as emissões, já que a eficiência da geração de energia elétrica por meio de combustíveis fósseis é maior que a do motor a combustão de milhões de automóveis. Mas não zeraria nada.

Em segundo lugar, o Leaf (nem nenhum carro elétrico) vai resolver o problema da mobilidade. Trocar a frota de carros a combustão por elétricos pode melhorar o ar, mas não melhora o trânsito.

A indústria automobilística descobriu que se quiser continuar a existir, terá de se ver com os problemas ambientais.

Mais cedo ou mais tarde, ela perceberá também que terá de desenvolver soluções para os problemas urbanos.

Nenhuma atividade econômica poderá sobreviver virando as costas para um imenso ralo de produtividade, qualidade de vida, tempo e dinheiro chamado trânsito!!!

Ainda vou ver um comercial na TV em que o filho abraça o pai calorosamente porque ele voltou mais cedo para casa.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Trânsito à beira do insuportável!!!

Deu na Folha.com. Quando será que as autoridades e os próprios cidadãos paulistanos vão se convencer de que não dá mais para se ter carros nas ruas de São Paulo? Sei que a tese é polêmica, mas defendo o pedágio urbano por motivos que se tornam cada vez mais óbvios.

A frota na cidade de São Paulo chegou a 7.012.795 em março último, segundo dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). No Estado, são 21.890.207 veículos.
De acordo com o Detran, entre a frota da cidade de São Paulo estão 5.124.568 carros, 889.164 motos, triciclos e quadriciclos, 718.450 micro-ônibus, caminhonetes e utilitários, 158.190 caminhões e 42.367 ônibus. Os números se referem aos veículos emplacados na cidade.
Nesta segunda-feira, a cidade registrou a maior lentidão do ano no período da manhã. Foram 157 km de vias com problemas às 9h. De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o congestionamento foi resultado do excesso de veículos, da chuva em alguns pontos da cidade e de pequenos acidentes.
Antes, a maior lentidão do ano pela manhã havia sido registrada às 9h do dia 14 de março, com 143 km de filas --também uma segunda-feira.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A e-bike mais rápida do mundo



O alemão Stephan Goulas gosta de acreditar que está promovendo uma revolução nos meios de transporte.

A e-ROCKIT, a bike elétrica projetada por ele, chega a incríveis 80 Km/h.

Quem já deu mais de 50 Km/h numa bike convencional sabe o quanto essa velocidade é insana sobre uma bicicleta. Imagina 8o Km/h!?!?!?!?

Por isso, Goulas teve de fazer adaptações ao projeto. Os pneus são mais largos, o porte é maior, os amortecedores mais eficientes e a bike ficou com cara de... MOTO, é claro.

A diferença para a moto de Goulas para as convencionais, além do fato dela ser elétrica, é que ela não tem acelerador, quem dirige precisa pedalar para acionar o motor.

Quanto mais se pedala, mais rápido a bicha vai.

Mas (sempre tem um mas), não dá para pedalar sem bateria, o preço é de inacreditáveis 30 mil Euros e a experiência ao dirigir acredito ser mais próxima a de uma moto do que de uma bike.

O que esse pos está fazendo aqui então?

É que eu achei bem legal a relação de marchas/motor que ele conseguiu para dar mais velocidade à sua invenção.

Será que não dava para fazer nada parecido com e-bikes comuns e ainda deixá-las com cara de bike?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Absurdo!



O assunto tá mais que bombando na mídia, então temo chover no molhado. Mas não poderia deixar de expressar minha revolta com o que aconteceu em Porto Alegre.

A única coisa que tenho a acrescentar ao debate é que esse tipo de postura dos motoristas em relação aos ciclistas NÃO é uma atitude isolada.

Quem adota a bike como meio de transporte logo se dá conta disso.

Já fui vítima de agressão de motorista em movimentos da Massa Crítica em São Paulo. Escrevi o relato aqui.

Esse caso de Porto Alegre é emblemático porque o motorista simplesmente atropelou muitas pessoas, que exerciam o seu direito constitucional de se manifestar nas ruas em prol de uma causa na qual acreditam.

Mas é preciso chamar atenção também para as agressões diárias que sofremos por parte de gente que não aceita dividir o espaço público.

Gente para quem dirigir é uma maneira de exercer o poder, ou de descontar suas frustrações ou ainda de simplesmente ser sádico e mau.

Para essas pessoas só há uma resposta aceitável se quisermos viver em uma sociedade mais civilizada: o rigor da lei e da Justiça.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Conversa com um especialista

"Mas é elétrica!?!?!?", perguntou o baixinho atarracado com ar de incredulidade e cara de poucos amigos.

"É", respondi.

"Ô Rogério, vem aqui que eu não sei mexer com esse negócio, não!", gritou para dentro da bicicletaria, sem olhar para mim.

"Era o que me faltava", pensei, fazendo esforço para não transparecer a minha raiva.

O meu humor também não era dos melhores. Vinha de duas longas caminhadas, vestido de camisa comprida e calça social, empurrando a bike com o pneu traseiro furado.

Na Marquês de São Vicente, pouco depois de deixar o trabalho, o trânsito parou e eu tive a brilhante idéia de cortar caminho pela calçada visivelmente detonada. O arroubo de mountain bike motorizado me custou o pneu.

Primeiro tive de andar quatro quarteirões até uma borracharia na mesma avenida, onde descobri que a câmara tinha sofrido vários furos. O Borracheiro colocou três remendos, mas o reparo resisitiu poucos metros. Quando estava em cima do viaduto da Lapa, o pneu murchou de novo e eu tive de andar da Lapa de Baixo até a rua Tonelero, onde tive a calorosa recepção.  

Rogério chegou e, diante das circunstâncias,  tratei de ser o mais simpático o possível, adiantando argumentos para convencê-lo a instalar uma câmara nova: "olha não é tão complicado, o fio entra no motor por aqui, mas, se o senhor soltar esses parafusos, dá para trabalhar pelo outro lado da roda tranquilamente".

Rogério ficou parado me olhando.

"Não é tão complicado" insisti.

"Não, isso é fácil", ele sorriu, "difícil é colocar a bicicleta lá dentro".

De fato, a bicicletaria estava abarrotada, com magrelas até na calçada. Mas, diante do sinal de que o conserto poderia ser feito, relaxei. Entrei na loja e fui tomar uma água, ainda pingando de suor. Lá dentro, o tal baixinho atarracado, que mais tarde descobri ser meu xará, conversava indignado com um outro cliente:

"Sente o peso desse troço", dizia apontando para uma bicicleta de mulher. "Como é que ela (se referia à cliente) daquele tamaninho vai pedalar uma coisa dessas? Ainda bem que ouviu os meus conselhos e comprou uma dobrável aro 20".

O outro ria com o jeito de turrão, de Ricardo e, só aí, pude perceber que ele não tinha sido bravo comigo em particular.

Rogério também ria: "meu pai morreu com o coração desse tamanho" fazia um sinal com as duas mãos diante do peito para provar o físico de atleta do pai. "Pedalava uma bicicleta bem mais leve que essa, imagina o esforço que ela não tá fazendo ".

Quando ele falou isso, comecei a prestar mais atenção no lugar. As bikes empilhadas, as ferramentas meticulosamente espalhadas pela bancada, o cheiro de graxa, a maneira pela qual aqueles dois irmãos circulavam pelo lugar, o jeito deles apertarem porcas, parafusos, girarem as correntes...

Tudo ali transpirava bicicleta!

Rogério pôs minha bike na bancada e começou a soltar os parfusos da roda traseira: "eu acho que isso aqui não é nem uma moto, nem uma bicicleta, fica no meio do caminho", disse repetindo o mesmo argumento que eu já ouvi várias vezes.

Expliquei que queria adotar a bike no dia-dia, mas que tinha de vestir terno e gravata e o quanto a bicicleta elétrica me possibilitava conciliar os dois estilos de vida. Também tratei de esclarecer que a bicicleta elétrica não alterava o porte, a velocidade, nem a experiência ao dirigir de uma bicicleta comum.

Ele aceitou os argumentos com certa resignação, mas não deixou de criticar:

"Mas eles precisam trazer esse lixo para o Brasil? Pega aquela revista alemã ali e dá uma olhada o que é bicicleta elétrica de verdade".

Na montanha de papéis que ele apontava, tinha catálogos de peças com marcas de tudo o que é país, revistas especializadas brasileiras, gringas e a tal revista alemã.

Era óbvio que eu estava ensinando o pai nosso para o vigário. Rogério é um especialista, Mais do que isso, um apaixonado por bicicletas.

Na tal revista havia modelos que eu nunca havia ouvido falar e muitos deles com baterias mínimas. Era um verdadeiro compêndio sobre o assunto. Tudo, infelizmente, em alemão.

E ele tinha razão: minha bike ficava anos luz dos modelos fotografados na revista. Não era preciso entender alemão para reconhecer. 

Aproveitei a oportunidade para mostrar o trilho que prende a bateria no quadro. Com a vibração o parafuso se soltava e a bicicleta batia.

Foi a vez de Ricardo entrar em cena. Duma caixinha cheia de parfusos, caçou um parafuso com rosca compatível com o furo. Cortou um pedaço no esmeril e finalizou aplicando um pouco de esmalte de unha para não voltar a se soltar. Mas antes fez questão de me sacanear: "que cor você quer? Tem verde, rosa e arco iris".

Todos rimos. Eu estava em casa.

Comecei a perguntar sobre guidões e selins. Contei da minha intenção de deixar a bike com a cara um pouco retrô. Rogério foi para o computador e abriu a foto de uma bike com aro de madeira e quadro canadense, montada sob medida para um amigo, fornecedor de peças para bicicleta. Era realmente muito bonita.

"Ele chegou com os dois aros de madeira e me falou: 'monta a bicicleta', foi como construir uma casa começando pelo telhado", riu.

Aos poucos, a conversa foi derivando para o ofício do Rogério: "Eu sou a terceira geração aqui. Já tivemos muitos empregados. Hoje sou só eu e meu irmão. Meus filhos fazem outra coisa. Graças à Deus, porque em quinze anos não haverá mais bicicleteiro".

Olhei com cara de espanto. O suficiente para ele se explicar: "Quantas bicicletas de criança você vê aqui?".

Havia uma única peça.

"Essa está aí para vender. O pai deixou porque a filha não anda mais. Passa o dia inteiro no video game". Apontou para o meu peito: "A sua geração foi a última a andar de bicicleta na rua. A Monark e a Caloi deveriam erguer uma estátua para o Spielberg por ele ter feito E.T."

Imediatamente lembrei da minha Caloi Cross Extra que vinha até com o dedinho brilhante do E.T. brilhando na caixa e a alegria sentida ao ganhá-la de aniversário de dez anos.

"Hoje, a gente fica discutindo fazer ciclovia para marmanjo. Tá certo, é importante, mas e a nova geração?".

O conserto chegou ao fim: "dez reais pela câmara nova", ele sentenciou.

Paguei e fui embora um pouco triste pela previsão pessimista de Rogério, mas contente por ter conhecido alguém com tamanha devoção pelo seu ofício.

A partir de hoje, Rogério tem um cliente cativo, ainda que ele torça um pouco o nariz para bikes elétricas.


Esse post vai para o Dionizio, que me apresentou a Ciclo Rondina, que fica na Rua Tonelero, 157

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ciclovias em SP: há luz no fim do túnel

O Maurício Broinizi, coordenador da Rede Nossa São Paulo, escreveu no Jornal da Tarde um artigo muito legal sobre bicicletas na cidade.

Ele conta até uma novidade: um estudo a ser realizado pela prefeitura para se pensar o modelo de transporte na cidade conta com a possibilidade de se instalar ciclovias nas 31 subprefeituras e uma cilcovia principal que interligaria todas elas.

Vale a pena ler:

"Todo morador de SãoPaulo que já pedalou em meio ao trânsito já sentiu as dificuldades: falta de ciclovias, desrespeito de grande parte dos condutores motorizados e a própria vida em risco.

Por ter voltado a andar de bicicleta, depois de duas décadas, pude testar os riscos e dificuldades.
Pedalando ganha-se outra perspectiva da divisão do espaço urbano.

A exposição do corpo desprotegido em meio aos carros, que raramentediminuem a velocidade e tomam a devida distância ao ultrapassar um ciclista, é a evidência do risco e da cultura instituída de  que a rua é só para o carro.

Foi revelado, em pesquisa da Nossa SãoPaulo/Ibope, de setembro de 2010, que 87% dos ciclistas diários sentem-se desrespeitados no trânsito, assim como 75% dos ciclistas eventuais.

Poroutrolado, 92% dos entrevistados disseram ser favoráveis à construção de mais
ciclovias, enquanto apenas 13% responderam que jamais usariam
bicicletas na cidade.

Vale registrar que o desrespeito ao pedestre, a má qualidade das calçadas e o insuficiente transporte público também são apontados como motivos de insatisfação dos paulistanos.

Pedestres, ciclistas e usuários de transporte público sentem-se insatisfeitos. O que demonstra que
há algo de errado no cotidiano dos paulistanos, que contam com apenas 40 quilômetros de ciclovias, calçadas em péssimo estado e somente 160 quilômetros de corredores de ônibus em 18 mil quilômetros
de vias públicas.

Públicas?

Será que realmente são públicas?

Ou reservadas prioritariamente para um modelo automobilístico próximo da exaustão, dado que várias
cidades vivem cada vez mais poluídas e congestionadas.

No orçamento de 2011 aprovado pelo Legislativo paulistano, a Comissão de Transportes da Câmara
Municipal incluiu uma emenda que prevê R$ 15 milhões para a elaboração de um Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis. 

Essa iniciativa contou com o apoio de organizações da sociedade, que também colaboraram com um conjunto de diretrizes para o Plano.

Dentre as diretrizes propostas há um Projeto Cicloviário para cada uma das 31 subprefeituras da cidade, além de uma ciclovia-tronco quepermite a interligação entre todas.

A cidade necessita de um planejamento de curto, médio e longo prazos para a sua mobilidade, e a
Comissão de Transportes da Câmara, assim como organizações da sociedade civil, deram grande contribuição para a realização do Plano de Mobilidade.

Agora, com recursos orçamentários disponíveis, resta ao Poder Executivo dar o encaminhamento para que a população possa começar a enxergar alguma luz no fim de algum túnel
congestionado e poluído."

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

E-bike no celular

Não tenho iPhone, mas morro de inveja de quem tem!!!

Ainda não tive coragem de gastar quase dois mil reais num celular, mas a verdade é o que o iPhone, com seus milhares de aplicativos, tem servido a muitos outros propósitos que vão além da conversa ao telefone.

O Aldo Quiroga, colega de profissão e de pedal, me mostrou um aplicativo que ajuda a calcular o alcance e o preço da bateria de uma e-bike!!

Na verdade, ele deixou um pouco de me sacanear com a bike elétrica (ele é um dos puristas da pedalada) para fazer algo que realmente tenha utilidade.


Não baixei o aplicativo, pelo motivo óbvio de não ter onde testá-lo, mas ele me pareceu bem interessante.







Funciona assim:

Vc informa a amperagem, a voltagem e o preço da bateria.

Se a sua e-bike permite recarregar a bateria nas descidas e pedaladas (nenhum modelo disponível no Brasil faz isso), vc pode informar a taxa de "recuperação de carga".

Em seguida, o iPhone calcula o alcance e o preço por quilômetro.

É ideal para quem quer comparar produtos antes de comprá-los.

Legal, né?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É nóis no Tatuapé!!!

Não é fácil para um jornalista mudar de lado do balcão. 

Acostumado a fazer perguntas, eu tive de respondê-las para uma reportagem que a jornalista Maisa
Infante estava realizando para a Revista do Tatuapé. 

Confesso que depois de terminada a entrevista (feita por MSN, porque eu estava afônico no dia e tinha de preservar a voz para trabalha no dia seguinte), fiquei ressabiado. Não por desconfiar do trabalho da colega, mas por ter a mesma sensação de muitas das minhas "vítimas diárias".  

"O que será que vai ser publicado? Será que ela vai dar destaque aos pontos mais importantes? Falei alguma besteira?", me perguntava...

Mas a Maísa foi super profissional e fez uma reportagem com "R" maiúsculo. 

Eu fiquei contente por ver a competência da colega e por saber que tem uma revista de bairro na cidade com excelência jornalística. 

Atuo também para mudar a cara da comunidade onde moro, num movimento de ação local, o Boa Praça linkado aí do lado, e já vi muito jornalão falar bobagens sem nenhum pudor!!! 

Longa vida à Revista do Tatuapé!!!

Segue  o texto da reportagem:




Sobre duas rodas

Ainda pouco conhecidas, as bicicletas elétricas são uma alternativa saudável e não poluidora para quem precisa percorrer curtas distâncias

Por Maisa Infante

O jornalista Ricardo Ferraz trabalha a cinco quilômetros de casa e gasta 11 minutos para ir e 14 para voltar. E ele não vai para o trabalho de carro. Vai de bicicleta. E elétrica! Ricardo pode se dar ao luxo de dizer que faz parte de um seleto grupo de pessoas que encontrou uma alternativa confortável e, ao mesmo tempo, sustentável para se locomover em São Paulo. Claro que ele tem a vantagem de morar e trabalhar na mesma região. Mas, ainda assim, se optasse pelo carro poderia levar mais tempo, já que correria o risco de enfrentar congestionamentos pelo caminho. Sem contar que, com a bicicleta elétrica, ele não polui, ocupa menos espaço, observa melhor a cidade e ainda conhece mais pessoas.

Há cerca de três anos, irritado, como quase todo paulistano, com o trânsito, Ricardo decidiu vender o carro e começar a andar por aí de transporte público. Em meia hora de ônibus ele estava no trabalho.

Na ponta do lápis, garante, os gastos eram praticamente os mesmos do que se fosse de carro. Portanto, ele faz questão de dizer que, além de não ter mais vontade de enfrentar o trânsito, fez isso por saber que estaria contribuindo para uma cidade melhor. "Vamos enfrentar os fatos: o transporte público em São Paulo é ruim e caro. Não me arrependo da decisão por uma questão de pura consciência. Mas abandonar o carro em São Paulo, na ponta do lápis, para a grande maioria das pessoas não vale a pena".

Antes de optar pela bicicleta elétrica, Ricardo ouviu muitas pessoas dizerem que deveria aderir à bike comum. Mas ele sabia que precisaria mudar radicalmente sua rotina, carregando roupas para cima e para baixo e procurando lugar para tomar banho quando chegasse ao trabalho. A bicicleta elétrica, então, se mostrou a melhor alternativa. Apesar de também pedalar, ele faz muito menos esforço do que faria em uma bicicleta. "Vou trabalhar de terno e gravata pedalando! Nesse calor eu suo um pouquinho, mas se estivesse andando na rua também suaria. Bem diferente de um exercício da bike convencional", conta. Ainda assim, perdeu 3 kg em um mês por causa do exercício.

As bicicletas elétricas, em geral, são veículos híbridos, que funcionam, ao mesmo tempo, com um motor e com as pedaladas humanas. "Uma forma de propulsão não exclui a outra. Se não fosse assim, estaríamos diante de uma motocicleta, veículo com o qual as bicicletas elétricas não devem guardar nenhuma semelhança além das duas rodas", explica Fábio Grassi, um advogado que pesquisa e usa as bicicletas elétricas. Na prática, isso significa que o ciclista tem um ganho de desempenho com a ajuda do motor, principalmente nas subidas. "Ela anda com a mesma velocidade, tem o mesmo porte e se comporta no trânsito da mesma maneira de uma bike convencional. A grande diferença quem sente é o ciclista, que não precisa fazer tanto esforço para percorrer a cidade", analisa Ricardo.

A autonomia de uma bicicleta elétrica depende de alguns fatores, como a potência do motor e o peso. No caso da que Ricardo comprou, pode chegar a uns 35 km. "A bike tem dois tipos de acionamento do motor. No primeiro você gira o manete e o motor anda. Nesse modo rodo uns 18 km. Mas também dá pra acionar o motor pelo auxílio pedal. Funciona assim: você vai pedalando e ele te dá uma forcinha automaticamente. Nesse modo chego a uns 35 km. Mas isso também depende da topografia do terreno e do peso", explica.

Enquanto uma bicicleta normal pesa cerca de 16 kg, a elétrica pode chegar a mais de 30 kg. Isso faz com que seja mais difícil pedalar sem a ajuda do motor (o que, aliás, não deve ser a intenção de quem decide comprar uma bicicleta elétrica). "A bike tem de ser o mais leve possível, de preferência com bateria de lítio, que dura mais e pesa menos. A potência do motor nem sempre é importante. As pessoas tendem a achar que quanto mais potente melhor, mas isso não é verdade. Motores muito potentes têm baixa autonomia e exigem muita bateria, além de serem mais pesados", avalia.

Ideal para deslocamentos curtos, a bicicleta elétrica é um veículo que tem tudo para ser o aliado perfeito de uma cidade menos poluída, mais gentil e menos estressante. "O uso do solo, o trânsito, o clima e a saúde pública seriam altamente beneficiados com sua adoção. E isso sem falar na integração da bicicleta com transportes coletivos. Sei que estamos muito distantes disso, mas devemos sempre pensar no futuro. O trânsito está próximo de se tornar um problema insolúvel. Muitas cidades enfrentam essa situação hoje, e muitas ainda irão enfrentar, com uma distribuição mais igualitária de renda", analisa Fábio. Pensando nisso, algumas empresas já desenvolveram suas bicicletas elétricas. A Porto Seguro, por exemplo, comercializa um modelo chamado de Felisa. A Peugeot também se rendeu e desenvolveu um modelo, por enquanto vendido apenas na Europa.

Para o ambientalista e consultor de mobilidade sustentável Lincoln Paiva, o uso de bicicletas, elétricas ou não, é o melhor indicador de cidades sustentáveis e sadias. "Bicicletas são positivas para a cidade e para melhoria da qualidade de vida das pessoas, reduzem as emissões de CO2 e, principalmente, de gases tóxicos, que matam muitas pessoas por ano nas grandes cidades como São Paulo", diz.
E o gasto de energia elétrica, segundo especialistas, não é alto. "Uma bicicleta elétrica precisa de pouco mais de 300 watts/hora para rodar aproximadamente 30 km, o que equivale a um banho de aproximadamente 4 minutos", avalia Fábio. "O consumo é pequeno. Além disso, o número de pessoas utilizando bicicleta elétrica seria baixo, em torno de 1% dos deslocamentos. Em 2020 teremos cerca de 1 bilhão de transistores por pessoa no mundo, e a demanda de energia vai continuar crescendo independente das bicicletas, carros e motos elétricas. Há menos de 10 anos os aparelhos consumiam o triplo de energia. Hoje temos muito mais aparelhos consumindo muito menos energia. As empresas estão estudando baterias mais eficientes e mais ecológicas", explica Lincoln.

Um dos maiores desafios dos ciclistas é enfrentar uma cidade que ainda não está preparada para esse tipo de transporte. Nem é preciso dizer que o maior problema é o trânsito e a falta de respeito dos motoristas. Por outro lado, quem já usa a bicicleta no dia a dia diz que é possível estabelecer um outro tipo de relação com cidade andando sob as duas rodas da magrela. "Não fico parado no trânsito, ganho tempo, faço exercício e descubro a cidade de uma outra forma, mais livre, sem ficar encarcerado na moldura da janela do carro", diz Ricardo, que fez amizade com um vigia da rua em que passa todos os dias e fica feliz quando cruza com outros ciclistas e eles se cumprimentam. "É como se você saísse para dar uma volta de bike pela cidade todos os dias".


LEGISLAÇÃO
As discussões sobre bicicletas elétricas sempre esbarram na legislação. Pela lei brasileira, elas são equiparadas aos ciclomotores, o que gera uma série de dificuldades. Fábio Grassi analisa alguns pontos da legislação:

- "Elas são equiparadas ao ciclomotores e recebem a denominação de cicloelétricos. Como tal, ficam sujeitas às normas municipais no que se refere ao registro (emplacamento). Na prática, nenhuma prefeitura do Brasil regulamentou essa situação, e ela estaria, então, isenta de registro".

- "Precisam ser conduzidas por habilitados ao menos na categoria ACC (Autorização para Condução de Ciclomotores). Na prática, os exames, provas e custos para obter tal autorização são os mesmos da obtenção da categoria A (motocicletas), então essa categoria está praticamente "morta". Existem Detrans que nem mesmo emitem essa habilitação".

- "Para essa condução, seria necessário o uso de capacete com selo do Inmetro. Todos os capacetes foram desenvolvidos visando a proteção do risco que uma motocicleta impõe ao seu condutor. Jamais se pensou num ciclista. E o motociclista não exerce atividade física. Não é o que ocorre numa bicicleta híbrida elétrica. Assim, o uso de capacetes de motocicletas é inviável em pedaladas".

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Bicicleta elétrica é o bicho, meu!!!

O Dionizio Bueno, amigo e ciclista, me deu o toque desa matéria que saiu na Folha.com. A reportagem mostra como as bikes elétricas começam a ganhar adeptos. O Rio leva vantagem por ser uma cidade praiana e plana (pelo menos na orla), mas a tendência está aí e, não tenho dúvida, só vai crescer.

Bicicletas elétricas viram mania nas ciclovias do Rio


GABRIELA CANSECO

DO RIO

O verão nas ciclovias cariocas tem um novo personagem: as bicicletas elétricas, movidas à bateria e com velocidade média de 30 km/h.
Entre as vantagens, dizem os usuários, estão o fato de ser um meio de transporte não poluente e o custo-benefício --os preços variam de R$ 2.400 a R$ 3.700.
"Não vivo sem ela. É prática e não traz custos extras. No verão, fico só curtindo o vento e o visual da cidade", disse o vendedor Érico Fabricio Luz Dias, 30, que há uma semana usa o veículo, principalmente para trabalhar.
O advogado Jonas Ferreira, 33, há três meses usa o tempo livre para circular com a novidade. "Agora somos eu e ela. Estou apaixonado".
Dependendo da marca, as bicicletas fazem de 30 a 40 km com a bateria. Elas permitem que o usuário escolha se quer ou não pedalar. A recarga leva 5 horas. O carregador é igual ao de um celular.

Rafael Andrade-25.jan.2011/Folhapress
Advogado Jonas Ferreira, 38, posa para fotos com sua bicicleta elétrica na praia do Arpoador, zona sul do Rio
Advogado Jonas Ferreira, 38, posa para fotos com sua bicicleta elétrica na praia do Arpoador, zona sul do Rio
Dono de uma loja de bicicletas na zona sul, Paulo Rogério Piniel diz que o consumo de bateria é baixo e que clientes a veem como alternativa de transporte. Segundo ele, o usuário não deixa de ter também uma bicicleta tradicional para se exercitar.
Segundo a Guarda Municipal do Rio, não há lei específica para a bicicleta elétrica. Por isso, está sujeita às mesmas regras que as comuns. Pode transitar pelas ciclovias --mas não nas vias interditadas para lazer nos fins de semana. E não paga IPVA.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cilcofaixa, uma boa iniciativa, mas...

Ontem fui conhecer a ciclofaixa que vai do Villa Lobos ao Parque do Povo.

É mais uma iniciativa da prefeitura para incentivar o uso das bikes e dos parques nos fins de semana.

Peguei meu filho de dois anos, pus na bike e fomos em frente. De bike comum, porque era domingo e o passeio lazer puro!!!

Desci até o Villa Lobos e logo vi que um monte de gente usava a via exclusiva das bikes, diferenciada por uma tinta vermelha no lugar das faixas brancas comuns.

Mas uma coisa estava estranha: não havia cones isolando a via e um monte de gente andava em meio aos carros.

Fiquei com medo porque estava com meu filho, mas fomos em frente porque havia muitos ciclistas.

Em cima da ponte da Cidade Universitária, uma kombi entrou atrás de mim e o motorista começou a buzinar e a me xingar loucamente.

Exaltado, eu gritava de volta, explicando que era uma faixa exclusiva das bikes!!! Outros ciclistas xingavam o cara: "animal", "FDP"!!!

Quando chegamos no Parque do Povo, tinha uma viatura da CET impedindo a entrada. Só ai pude entender o que estava aconcetecendo: a ciclofaixa só será inaugurada domingo que vem!!!

O marronzinho até informava que já havia um registro de um ciclista atropelado!!!

O que não havia era um cartaz em toda a via explicando que a ciclofaixa ainda não estava em operação.

O cara da CET, que era coordenador das maginais, se limitava a dizer "eu não tenho nada a ver com isso! É complicado!!!".

De que adianta fazer uma iniciaitva bacana como essa, se a incompetência impede que a medida seja implantada como se deve?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bikes e o transporte público

Hoje, o recém empossado secretário de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo, Jurandir Fernandes, deu uma entrevista para a  para os excelentes jornalistas Cátia Seabra e Alencar Izidoro, da Folha de S. Paulo, em que afirma o seguinte:

"Quero ver se a história de alugar bicicleta (nas estações de Metrô) é eficiente, útil ou se foi marketing."

Acho natural o secretário iniciar um processo de revisão de contratos. Afinal de contas, se trata de um novo governo, ainda que essa seja a quinta gestão do PSDB no estado.

Mas preferiria que o secretário fosse um pouco mais cauteloso. 

Mais à frente ele continua:

"Sou apaixonado por ciclovia. Mas não quero fazer marketing com coisa séria. Vale todo mundo dizer que em São Paulo tem um sistema de bicicletas igual ao de Paris e depois eu ter que explicar que não é bem assim? Não consigo explicar o inexplicável. Agora, se disserem que há utilização impressionante, juro que aumento tudo."

É preciso pôr alguns "pingos nos is".

Os bicicletários  implantados nas estações de metrô são uma iniciativa da Porto Seguro. Obvialmente, a empresa se beneficia do marketing de mantê-los em pontos de altíssima circulação, mas também traz benefícios para os usuários de bikes que encontram lugar onde deixar as magrelas enquanto se locomovem de metrô. Os associados da Porto ainda podem pegar bikes da própria empresa, usá-las e devolvê-las para o bicicletário.

É uma relação de ganha-ganha entre o público e o privado. O próprio partido do governador já defendeu as chamadas PPP's em inúmeras ações, onde o estado não consegue intervir fortemente.

Em São Paulo, essa é uma das poucas iniciativas para aumentar o uso de bike no dia a dia. Ela partiu unicamente de uma empresa privada. Seria tolice pensar que, sozinha, ela teria condições de promover a mesma revolução obtida em Paris, exemplo citado pelo próprio secretário.

Lá, o poder público investiu pesado na construção de uma rede de bicicletas espalhada pela cidade (as Velibs) e na construção de centenas de quilômetros de ciclovia. 

Outras cidades européias há anos investem nesse tipo de transporte, como é o caso de Amsterdã, Kopenhagen, entre outras. 

A frase: "se disserem que há utilização impressionante, juro que aumento tudo" representa um certo alento, porque evidencia que o Secretário parece estar disposto a pensar no assunto, mas também mostra o quanto o poder público ainda reluta em apostar nas bikes como alternativas reais de transporte para a cidade.

Ora, o público só vai adotar a bike quando se sentir seguro para tal.

Sem a criação da rede de bike e de uma malha razoável de ciclovias, nada acontece em grande escala!

O modelo para isso poderia contar com inicitiva privada, que poderia, por exemplo, gerenciar o sistema, em troca da receita das tarifas cobradas pelo aluguel das bikes.

Mas sem a participação do estado, prar propor o modelo, regulamentar o setor e promover a concorrência, fica difícil!

É papel do poder público incentivar o uso do transporte coletivo e de outras alternativas para a mobilidade.

Infelizmente, nossos governantes parecem esquecer essa lição tão elementar.